terça-feira, 7 de outubro de 2014

Conseguiremos conversar?

Há certo tempo ensaiei sair do Facebook, porque tinha me cansado do que andava vendo por lá. Apesar de não ficar mais acessando diariamente e nem postar mais nada, de vez em quando acessava, até pra ficar por dentro das fofocas saber notícias das pessoas, porque ligações são mais raras atualmente.

Neste último mês acessei um pouco mais, depois fiquei mais de 15 dias sem ligar nada e então voltei a dar uma olhada. E fiquei tão mal impressionada que resolvi sair de vez. Tenho visto e lido noticias que mostram que a decepção não é apenas minha. Parece que muitos passaram mal ao acessar as redes.

O Sakamoto, um cara que escreve muitas coisas que eu gosto e que me faz pensar, escreveu algo sobre a importância da diversidade de pensamentos. É bom conviver com pessoas que pensam diferente da gente, isso faz a cabeça ficar ativa e é sempre um bom exercício de empatia.

Eu não sai do Facebook porque as pessoas que estavam em meu feed pensam diferente de mim. Isso realmente não me incomoda, sempre gostei muito de ouvir diversos pontos de vista sobre os assuntos. Sou muito curiosa e acho ótimo tentar - e às vezes conseguir - entender o que o outro pensa. Também mudo de idéia de forma tranquila, não sou apegada às minhas opiniões, se algo ou alguém me fizer perceber que há outro jeito melhor de pensar sobre tanta coisa que acontece.

O que me fez sair foi perceber que ali não há nenhum tipo, nem tentativa, de diálogo. Há apenas discursos, todos inflamados, uma polarização sobre qualquer coisa que se fale. Não sou petista nem tucana, mas criticar o governador de SP equivale querer morar na Venezuela e não votar na Dilma me transforma numa fascista, simples assim. E isso não é só na política. Pode escolher qualquer assunto. Se você come carne odeia todos os animais, se não teve parto normal em casa é vítima de violência obstétrica, e assim vai. Em qualquer assunto, parece que só há um lado: o certo, aquele no qual "eu" acredito. Seja ele qual for, para a maioria das pessoas. Se alguém não pensa como "eu" é burro, imbecil, ladrão, ou qualquer outra forma que desqualifique o diferente.

E como não tenho nenhum interesse em ver apenas em preto ou branco, achei melhor sair e tirar essas pessoas, dentro do possivel, do meu convívio. Os que respeitam opiniões diferentes continuarão sendo meus amigos de qualquer forma. Talvez eu perca alguns acontecimentos, mas tenho certeza que ainda podemos usar o telefone, e-mail e os encontros ao vivo. Qualquer forma de conversa, e não de discurso. Amizade é troca. Amigos, mesmo, são aqueles que se respeitam, e eles não precisam ser iguais para isso.

Um comentário:

  1. Apesar de AINDA ter minha página no Facebook, tenho tentado me abstrair de certos comentários que nada acrescentam. respeitando, é claro os que pensam de maneira diferentes. O texto é muito bom porque deixa claro que podemos ser felizes sem ter que, a cada momento, insultar, insinuar ou rotular quem quer que seja! Amizade,Ana, realmente é troca e muito respeito às diferenças! Parabéns! Não precisamos nos sobrecarregar de tantas informações para nos sentirmos felizes!

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