quinta-feira, 30 de setembro de 2010

A escola, a confiança e a criança que estamos criando

Não há como não se abalar com notícias trágicas sobre crianças. Todos se abalam. Mas se temos crianças que amamos, mais até do que a nós mesmos, aquilo nos toca de maneira terrível. Muitas vezes, não há como segurar as lágrimas ao ver a notícia, mesmo sem conhecer aquelas pessoas.

Não há solidariedade nem palavra que amenize a dor de uma mãe e de um pai que perderam um filho. Uma tristeza avassaladora que não tem fim. E todos pedimos, clamamos, a Deus, à vida ou ao que se acredita, cada um tem sua crença, que nunca passemos por essa dor. Ninguém questiona: não há dor maior que essa, e todos sabemos disso, mesmo aqueles que não são pais, pois somos todos humanos, afinal.

Há tragédias e há acidentes. Também há doenças, fatalidades, há vida, há morte. Não temos como nos safar dela. Mas vivemos diariamente tentando esquecê-la, burlá-la, fazer de conta que ela não é da nossa conta. Mas é. E infelizmente também faz parte da vida daqueles que amamos.

Como entender o buraco, a dor, o desespero de uma mãe que tem um filho na escola, e que lá, naquele ambiente de confiança, lhe foi tirada a vida? Como não se colocar no lugar dessa mãe, que coloca um filho numa escola para educá-lo, instruí-lo, criar amizades, se divertir inclusive, e perde a vida de seu filho nesse lugar? O que sentimos, ao nos colocar em seu lugar, além de uma profunda solidariedade e pesar?

Sabemos que não podemos criar nossos filhos em bolhas. Não temos filhos para nós, todos dizem. Os filhos são do mundo. Nunca queremos que o mundo os trate pior do que nós os trataríamos, apesar de sabermos que não será assim. Mas na escola vemos uma extensão de nossas casas, mesmo que sejam imensas, estruturadas, profissionais. Mesmo que não haja uma relação de amor com a escola, há uma relação de confiança quanto aos cuidados. E quando tudo isso lhe é tirado, pois infelizmente a vida deste menino não foi a única coisa arrancada ali, e não apenas dessa família, perdemos o chão, o ar, a luz.

Que a vida, Deus ou a fé em algo consiga alentar um pouco o coração dos envolvidos nessa imensa tragédia. Que os responsáveis por crianças e seus cuidados não descuidem, nunca, nem por um minuto!

São palavras de uma mãe, que assim como outras milhares, todos os dias confia em deixar a razão de sua vida aos cuidados de outros, acreditando que aquele é o caminho para torná-la uma pessoa melhor. Que assim seja para todos nós!

Um comentário:

  1. Engraçado Ana. Achei que meu comentário tivese ficado aqui. No dia teve uma falha na conexão e acho q atrapalhou tudo.
    Mas enfim, como vc sabe nós vivemos esses momentos de bem perto. Realmente não podemos criar nossos filhos em bolhas. Eu fiquei muito assustada mas hoje eu entendo que isso foi uma fatalidade. Eu continuo orando para que o coração dos pais do Miguel sejam confortados e consolados por Deus e que eles entendam que será apenas um período sem que possam vê-lo. Eu acredito na vida eterna e acredito que muitas vezes Deus "recolhe" pessoas que não devem mais sofrer neste mundo. Só Deus sabe de tudo o que o Miguel foi poupado na vida, com essa ida precoce. Claro que isso não consola ninguém, mas é uma visão mais "espiritual" do acontecimento. Beijos

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